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Adalberto Ricardo Pessoa

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domingo, 20 de janeiro de 2013

Histórico do Tarô: Datas e Fatos (Parte 2)


Texto escrito por Adalberto Ricardo Pessoa

Segundo pesquisas recentes de Naiff (2012), todos os historiadores contemporâneos creditam ao período entre 1367 a 1397 (segunda mentade do século XIV) o surgimento das cartas de Tarô, contudo não estabelecem  um ano, local ou cultura definida. Em termos genéricos, a origem documental do tarô é associada ao período renascentista italiano.
Reportando ao que se tem de oficialmente registrado pela história, um monge alemão, chamado Johannes, escreveu em Brefeld, Suíça, uma carta conservada no Museu Britânico, em que comentava que um jogo de carta chegava na sua região no ano de 1377.
Giovanni Coveluzzo, historiador italiano dos finais do século XV, escreveu a história da sua cidade natal Viterbo, relatando que no ano de 1379, chegou do país dos sarracenos (nome que os cristãos da Idade Média e do Renascimento davam aos mulçumanos) um jogo de cartas que eles chamam de “naib”.  
Sabemos também que, em 1387, as cartas eram conhecidas na Espanha, já que se conserva um decreto do Rei Juan I de Castela, proibindo os jogos de dados, xadrez, e cartas, naquela época.
Todos esses eventos se passaram na segunda metade do século XIV, época em que constam os principais registros históricos escritos da origem oficial do Tarô, na Europa de final da Idade Média. O baralho que durante muito tempo foi considerado (erroneamente) o mais antigo, do qual ainda se conservam cartas foi obra do artista francês Jacquemim Gringonneur (ver imagem abaixo), para a coroa francesa, tal como consta nos livros de contabilidade do tesouro do rei Charles VI, em 1392. Mas, pelo exposto nos parágrafos anteriores, há cartas um pouco mais antigas. É muito provável que Gringonneur tenha tido acesso a baralhos italianos, que se perderam em algum momento da história (Pramad, 2008).



            Se existiu um fio condutor entre o antigo Egito e o final da Idade Média, entre as doutrinas e rituais pagãos e o baralho de Gringonneur, esse fio foi o Gnosticismo que, surgindo nas províncias orientais do Império Romano, alimentou-se não só do Cristianismo local (a Alexandria foi o berço da cultura gnóstica no século II d.C.), mas também das doutrinas hindus, caldeias, persas e egípcias, junto com a filosofia da Grécia Clássica e o conhecimento cabalístico hebraico. Com a destruição da grande biblioteca da Alexandria, em dois grandes incêndios, um nas campanhas de César (anos 48-47 a.C.) e outro no ano de 391, pelos cristãos sob o comando do Imperador Teodósio I, O Grande, além da sua destruição total no século XII, pelo emir Amr Ibn Ao, obedecendo ao ignorante e fanático califa Omar, muita informação concreta sobre as origens do Tarô deve ter se perdido.
Com o início do Renascimento e declínio da Igreja, surgem na Itália poderosas famílias donas de terra e do comércio no Oriente, e sob o domínio desses mecenas começam a aparecer vários baralhos, recuperando parte do conhecimento gnóstico.
O baralho mais conhecido dessa época é o Tarô de Visconti-Sforza (ver imagem abaixo), que apareceu em Milão em meados do século XV, provavelmente em 1432, presente de casamento de Francesco Sforza e Blanca Maria Visconti, obra do artista Bonifácio Bempo. Atualmente comercializa-se reproduções desse tarô clássico, com bordas em ouro (ver detalhe na imagem abaixo, desse belo tarô).



 Especula-se que essas belas cartas ornamentadas serviram de modelo para a criação de outro tarô clássico muito popular, que é o Tarô de Marselha (ver imagem abaixo). Praticamente todas as versões clássicas das cartas de tarô são variações desse último. O Tarô de Marselha foi criado por volta de 1471, na cidade de mesmo nome. Ele é composto de 78 cartas, sendo 22 arcanos maiores e 56 menores, e se popularizou a ponto de servir de modelo para praticamente todos os modelos de tarô posteriores. 



Resumindo: É interessante ver a evolução desses tarôs clássicos do período renascentista, começando pelo de Jacquemim Gringonneur (1392, final do século XIV), passando pelo tarô de Viscont-Sforza (1432, primeira metade do século XV), culminando no Tarô de Marselha (1471, segunda metade do século XV) que é o modelo clássico que influencia a produção da maioria dos tarôs modernos de hoje,  e costuma ser o tarô de referência em cursos, estudos e pesquisas, mas ele próprio é baseado em outros tarôs clássicos anteriores. O próprio tarô de Gringonneur pode ser baseado num tarô ainda mais anterior, da renascença italiana.
A partir do século XVII, o tarô foi divulgado com mais vigor na Europa pelos ciganos, que o popularizaram como sistema de adivinhação. Apesar das evidências mostrarem que o tarô já existia na Europa, desde a segunda metade do século XIV, como mostrado acima, foram os ciganos no século XVII que se tornaram responsáveis pela ampla divulgação das cartas de tarô para a população, com fins oraculares. Antes do século XVII, ao que parece, o tarô não era usado para adivinhação, mas era antes uma arte bastante valorizada em fins da Idade Média, e que depois virou um jogo de entretenimento; como arte de adivinhação, o tarô é hoje um oráculo bem recente, embora não menos eficaz do que os oráculos mais antigos do que a Astrologia ou o I-Ching. 
Seja como for, a incursão cigana fez com que o Tarô caísse numa certa clandestinidade, atraindo comentários depreciativos da camada intelectual da época. Essa situação só foi alterada com a intervenção de um erudito ocultista do século XVIII, chamado Court de Gebelin (1728-1784).

(continua na parte 3...)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


NAIFF, Nei. Tarô – simbologia e ocultismo: estudos completos do tarô – volume 1. Rio de Janeiro: Nova Era, 2012.


PRAMAD, Veet. Curso de Tarô e seu uso terapêutico. 3ª Ed. São Paulo: Madras, 2008.


NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: Uma jornada arquetípica. São Paulo: Cultrix, 2007.


SHARMAN-BURKE, Juliet; GREENE, Liz. O Tarô Mitológico – Uma nova abordagem para a leitura do Tarô. São Paulo: Siciliano, 1988.


WANG, Robert. O Tarô Cabalístico. São Paulo: Pensamento, 1983.


KAPLAN, Stuart R. Tarô Clássico. São Paulo: Pensamento, 1972